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DAMA DE VERMELHO

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ATÉ EU ME ESTRANHEI....


Nem eu entendia o porquê de tanta eloquência minha. Não havia, talvez, de forma consciente, um motivo forte que justificasse tamanha euforia. Ou sim...
Estava diante de um personagem que me devia uma gratidão , mas que me fitava com olhos tão esbugalhados e fixos que me deixavam perplexa, porém radiante.
Prossegui no meu humor exacerbado. Até eu me estranhei. Achei que o indivíduo estava admirado e tentava me interpretar, embora não tivesse condições de fazê-lo.
Cheguei a ter uma certa pena, sentimento que eu abomino. Porventura me aprontara alguma coisa e, hoje, eu dava o troco sem saber?
O papo foi longe. Falei tanto, que mais parecia estar com o que a Psicopatologia chama de logorréia. Mas, não era esse o caso, de forma nenhuma.
Imaginei que hoje estava forte o suficiente para repassar uma imagem , que não é a de todo dia.
A vida tem muitas facetas. Se um dia estou fragilizada dou motivos para me imaginarem assim. Se em outro me acho imbuída de fortalezas pareço, aos olhos dos outros, bem mais dona do pedaço.
Aqueles olhos esbugalhados , provavelmente, me viam assim e eu esbanjava todo o meu charme que fazia parte do meu perfil neste momento.
Eu me desconheci e me conheci quando pensei no passado de tantas doações afetivas da minha parte.
O indivíduo, diante de tantas ousadias, emudeceu, os músculos da face ficaram tensos, paralisou os movimentos e, aí, eu dei um basta. Se tinha algo que precisava cumprir, já havia cumprido. Despedi o cidadão com bons modoS, (à moda antiga) e fiquei a refletir. Hoje , ele conheceu um lado da minha face que desconhecia.
Lembrei-me de Clarice Lispector com o seu pensamento:
"...Sou como você me vê...Posso ser leve como a brisa ou forte como uma ventania.
Depende de quando e como você me vê passar..."
Amigo: hoje, eu estava forte como uma ventania...

(*) a crônica está aí. Leiam e comentem no blog.

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